Triste Fado…

Sporting 2 Roma 2: começar um jogo logo a perder nunca é uma boa notícia e quando do outro lado está uma equipa italiana pior ainda. Se a tudo isto juntarmos o facto de o golo italiano ter sido oferecido – Veloso perdeu a bola em zona proibitiva e Tonel esticou a passadeira – e de o público leonino andar desconfiado do valor da equipa, podia-se chegar facilmente à conclusão de que a noite de Alvalade seria de pesadelo. E acabou por sê-lo mas depois de uma excelente exibição leonina, na minha opinião a melhor na era de Paulo Bento.
A verdade é que depois dos 10 minutos de jogo os leões encheram-se de brilho e foram à procura da felicidade. E até podiam se ter rendido à fatalidade de ver um golo ser anulado de uma forma ridícula mostrando que as arbitragens estrangeiras são parecidas com as nacionais – protegem sempre os mesmos. Mas nada disso aconteceu o Sporting continuou de mangas arregaçadas e foi com naturalidade que chegou ao golo, foi com alguma sorte que tal aconteceu, sorte essa que tanta falta faria mais tarde. Já ao intervalo o resultado era escasso tal a superioridade da equipa do Sporting que chegou mesmo a vulgarizar a poderosa Roma. E nem o facto de lhes faltar Totti poderá explicar tal descalabro, pois em Roma faltou Polga – fará mais falta ao Sporting do que Totti ao Roma – e nem por isso o Sporting foi inferior. Alguns explicarão a superioridade sportinguista pela falta do capitão italiano, eu digo que o Sporting foi superior porque tem um plantel recheado de bons artistas e quando jogam com a atitude de ontem são difíceis de bater.
A dúvida na segunda parte seria: será capaz, o Sporting, de manter o ritmo? Foi capaz sim senhor, a vulgarização da Roma continuou só o golo tardava. E ao “milésimo” canto marcado pela milésima vez de igual forma – ao meu lado alguém dizia, outra vez! – lá chega o golo do inevitável Liedson, 3º golo do 31 na Champions, o 3º ao Roma que tinham todo direito de exclamar “ maldito 31”! A partir daí tudo seria fácil “bastava” para tal que o Sporting trocasse a bola entre si, perante uma atordoada Roma , de preferência no meio campo deles de modo a ficarem perto do 3-1 e longe do 2-2. É nisto que o Sporting continua a falhar quando troca a bola fá-lo demasiado perto da sua própria baliza alimentando as esperanças alheias e quando não se consegue matar o jogo – a arrancada de Vukecevic podia e devia ter sido aproveitada – alimenta-se o sonho alheio e arrisca-se a sofrer o empate. E foi isso que aconteceu. Injustiça? Seguramente. A Roma empatou sem “saber ler nem escrever”. O auto-golo foi apontado pelo melhor em campo. Mas não esquecer que momentos antes, houve um livre exactamente igual em que também se demorou a sair ao remate, o seja, estavam avisados.
Como apontamento final fica: provou-se que afinal o Sporting tem bons jogadores desde que colocados nas posições correctas. O 4x2x3x1 parece ser o esquema táctico que melhor se aplica a este Sporting já que a dupla para Liedson continua por se encontrar – quem diria que sentiríamos falta de Derlei? – e assim sempre se pode dar o caso de Pereirinha começar a aparecer. Quando a equipa não se aplica – como aconteceu com o Nacional – é natural que alguém queira tirar explicações, mas quando jogam bem e dão tudo por aquela camisola – como ontem aconteceu – os sportinguistas sabem-no reconhecer e aplaudem a equipa, mesmo que apenas empatem.
A Roma fez um único remate enquadrado com a baliza e … marcou dois golos. Triste fado.
Fotos: Associated Press (Steven Governo)

Órfãos de Polga

Roma 2 Sporting 1: Se há coisa de que os sportinguistas se podem orgulhar desde que Paulo Bento entrou no clube, fez hoje dois anos em que se estreou num jogo pelos leões, é que o Sporting joga sempre da mesma forma seja em Roma ou frente ao Pinhalnovense, ou seja, é uma equipa personalizada e que sabe o que quer, longe vão os tempos em que a equipa ia jogar no terreno dos grandes colossos do futebol e tremia como “varas verdes” e não raras vezes saí de lá não só vergados a derrota como também por exibições pouco honrosas.
A lesão de Polga vem colocar a nu as deficiências do plantel. A verdade é que depois de uma pré-época em que Gladstone mostrou aptidões para central, ainda que errada era essa a minha convicção, nas duas vezes que foi chamado o brasileiro fez de tudo para que Paulo Bento não voltasse a confiar nele. Resultado: foi “obrigado” a recuar Veloso e a entregar o lugar do jogador/modelo ao capitão, mas como já o disse nem assim o Sporting perdeu identidade.
No entanto o Sporting de hoje voltou à fase do quase. Sofreu o golo cedo e rapidamente respondeu. Depois na segunda parte começou por mandar no jogo, colocou o Roma em sentido mas faltou sempre o “clique”, ou o quase, que pudesse desequilibrar o jogo a favor do Sporting. E depois lá veio o golo: numa defesa órfã de Polga, e por consequência a equipa, que foi acumulando muitos erros teria mesmo que ser de um erro, Abel assumiu a “culpa”, o nascimento do golo da vitória – justa diga-se – dos romanos.
Com a derrota do Dinamo de Kiev, em casa frente ao Manchester United, o Sporting ao não pontuar perdeu a oportunidade de quiçá garantir desde já a presença na Taça UEFA. Quanto à presença na fase seguinte da Liga dos Campeões a derrota de hoje complica as contas – perder nunca é bom – mas não as hipoteca pelo que os próximos capítulos seguem dentro de momentos.

Foto: Reuters

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