Entrevista a José Pipo ( treinador de Juniores do AVFC )

Quando e como começou o futebol?
Comecei a jogar futebol aos 8 anos, nos Infantis dos Pupilos da Avenida, em torneios que a Câmara Municipal e a A.F.V. organizava. Na altura, fui recrutado pelo agora, meu amigo, Fausto Formoso que na altura era o treinador da equipa. Mais tarde, tornei-me jogador federado e o meu 1º clube foi o Viseu Benfica, em Iniciados.

Qual foi o momento desportivo mais importante da sua carreira futebolística? E o Pior?
O melhor foi, sem dúvida, a minha 1ª convocatória para seniores, na altura ainda na 1ª Divisão Nacional, em que fiz a minha estreia durante alguns minutos num jogo com o Portimonense. Vivi um ambiente fantástico com o estádio do Fontelo cheio. O pior foi, sem dúvida nenhuma, quando vivi a descida de divisão do Lusitano de Vildemoinhos, clube pelo qual joguei e sinto um carinho muito especial.

Fale-nos um pouco da sua carreira de jogador, quais os clubes por onde passou…
A minha carreira começou no distrital como iniciado no Viseu Benfica. Fui para o Repesenses, onde estive 2 anos no Nacional de juvenis e participei numa fase final fazendo parte de uma equipa fantástica com jogadores como Paulo Sousa, Rebelo (estes transferidos para o Benfica), Feijão, guarda-redes que ingressou a equipa do Sporting, o Coelho para a Académica, entre outros com muita qualidade.
Nos juniores, passei para a Académico de Viseu onde estive 6 anos. No meu último ano de júnior já era convocado e jogava com alguma regularidade nos Seniores, contribuindo na altura o CAF a subir à, então criada, Divisão de Honra. No ano seguinte, foi criado o Viseu Futebol Clube (equipa satélite do CAF). Fui Capitão de equipa nos 2 anos que o clube viveu, e nessa fase foi-me proposto um novo contrato que tive de recusar, visto ter que passar a treinar de manhã e de tarde, e isso era incompatível com o meu trabalho. Foi uma fase decisiva da minha vida futebolística, em que recebi inclusivamente várias propostas para sair de Viseu, pela mão do Saudoso Álvaro Carolino. Devo dizer que a minha cabeça falou mais alto do que o meu coração e, sob orientação dos meus pais, fiquei por aqui, optando por jogar no Lusitano de Vildemoinhos, que na altura disputava a 3ª Divisão.
Permaneci neste clube 7 fantásticos, tive o prazer de ser capitão de equipa 6 anos, fiz grandes amigos neste grande clube, com um treinador especial, Mister Joca, que foi a pessoa que me incutiu o gosto pelo treino, bem como a outros que estão a orientar equipas, como por exemplo, Silvério (Lusitano), Paulo Chaves (juniores do Viseu Benfica) Zé Chaves (Viseu Benfica) Santana (Lamelas), entre outros.

Fale-nos um pouco da sua carreira de Treinador, quais os clubes que já treinou?
A minha carreira de treinador começou nas Escolinhas do CAF, onde no 1º ano fomos Campeões Distritais. No 2º ano, acumulei os Juniores do Lusitano de Vildemoinhos com as Escolas do CAF. Foi um ano de loucos: aos sábados tinha jogo de Escolas e aos domingos os Juniores. Foi, no entanto, uma fase da minha vida que me deu muito prazer e proporcionou-me experiências a todos os níveis. No ano seguinte, recebi o convite para treinar os Juniores do CAF, que disputavam o Campeonato Nacional. É como se sabe um campeonato exigente, com um nível e qualidade de jogo fantásticos, mas conseguimos no 1º ano a manutenção a 2 jogos do fim. Depois veio uma época histórica para o clube, em que fomos à Fase Final com equipas como: o F. C. Porto, o Boavista, o S. C. Braga e o Leixões. No campeonato apenas perdemos um jogo e empatámos os dois jogos com o F. C. Porto: um em casa, no campo de Ranhados com o estádio a abarrotar, e o outro no Centro de Estágio de Gaia. Alcançámos 11 vitórias consecutivas e foi nesta fase que tive o prazer de ver convocados dois atletas para a Selecção Nacional, o Tiago Gonçalves e o Luís Costa, onde se tornaram internacionais pela 1ª vez.
No ano seguinte foi criada a 1ª liga de Juniores, onde só figuravam os melhores. Equipas como o F.C. Porto, o Boavista, o V. Guimarães, o SC. Braga, o Rio Ave, o Gil Vicente, o Leixões, a Académica, o Beira-mar, o Penafiel, Leiria entre outras grandes equipas. Nessa época tive o orgulho e a alegria de ver sair da minha equipa para o S. L. Benfica dois jovens jogadores, o Fábio Santos e o Filipe (ainda com idade de juvenis, embora fossem titulares nos juniores).
Na época 2004/2005, uma equipa inexperiente e muitos jogadores novos, começámos mal o campeonato e na penúltima jornada da 1ª volta éramos últimos, com apenas 8 pontos. Tivemos uma recuperação fantástica com 8 vitórias consecutivas, que nos projectou para o 7º lugar, tendo descido de divisão nessa época as equipas da U. Leiria, Penafiel, Beira-mar e Famalicão.
Na época seguinte, 2005/2006, veio a período dramático do clube, que culminou com o fim do CAF. Tínhamos uma boa equipa em construção mas aconteceu o pior…

Como foi viver por dentro o fim do CAF?
Foi o pior momento na minha curta carreira. Foi horrível, foi dramático o dia em que comunicámos aos atletas o fim do Clube. Vivi momentos difíceis, testemunhei a infelicidade e a angústia de mais de 100 crianças e jovens, que nada contribuíram para aquele triste desfecho, mas que se viam repentinamente impossibilitados de fazer aquilo que mais gostavam: jogar futebol e representar o clube do seu coração.
Devo realçar e acima de tudo agradecer a confiança que alguns jogadores manifestaram no novo projecto que é hoje este clube, na firmeza e até atrevimento ao desafiarem o “provável” fim do CAF e acreditarem no novo desafio que já se esboçava, mantendo-se de pedra e cal.
Quero, ainda referir jogadores que foram jogar noutros clubes até acabarem o campeonato e que na época seguinte regressaram ao clube: Marcelo Pais, Tiago Pina, assim como Zé Luís, Carlitos, Mika, Márcio entre outros, que esperaram que começasse o campeonato,

Com o fim do CAF porque é que aceitou abraçar o projecto AVFC?
Aceitei, acima de tudo, porque a estrutura e os jogadores das camadas jovens se mantiveram praticamente todas e assim poderíamos dar continuidade ao nosso trabalho. Embora competindo no Campeonato Distrital, foram-me dadas garantias, por parte da direcção, que a equipa seria preparada com as mesmas condições que tínhamos no Nacional.

Do que é que mais gosta na carreira de treinador? O que é que o motiva?
O que mais me dá prazer é de facto todos os anos construir praticamente uma equipa nova e ver no final a forma como os atletas evoluíram dentro da organização Táctica/Técnica, física e psicológica em equipa.

Treinar uma equipa sénior é um objectivo?
Ainda estamos a festejar o sucesso do nosso clube, para mim, como treinador e na afirmação do que quero ser. Para já, a minha grande opção para os próximos anos passa apenas por uma aposta clara e firme na formação. Quanto ao futuro… esse apenas a Deus pertence.

Como e onde é que descobriu os jogadores brasileiros que reforçaram o plantel júnior, já com a época a decorrer?
Esses dois atletas, depois de tentarem integrar outros planteis, viram as suas aspirações frustradas. Foram-me apresentados por um amigo. Treinaram com a equipa durante duas semanas, vimos o potencial que tinham e integrámo-los no plantel. Revelaram-se ao longo da época determinantes no sucesso da equipa júnior. O Marcel, inclusivamente, tornou-se bicampeão uma vez que também esteve praticamente em todos os jogos dos Seniores, marcando até um importante golo no jogo em Cinfães. São dois jogadores de qualidade, sei que o Professor Idalino gosta destes jovens e penso que estes, assim como outros atletas deste plantel, podem ser úteis num futuro próximo.

Depois de empatar em casa com o Vale de Açores passou-lhe pela cabeça não subir de divisão?
Penso que terá sido esse o jogo-chave para o nosso sucesso. Nesse jogo, os meus atletas perceberam e aprenderam que numa fase final nunca se deve facilitar e não pode haver margem para erro. É obvio que ficámos todos muito tristes e apreensivos, mas tornou-nos mais fortes e determinados, vencendo todos os jogos até ao final do campeonato, tendo alcançado, também, o melhor ataque e a melhor defesa.

Qual o segredo para não sofrer uma única derrota em toda a época?
Foi de facto um campeonato estupendo acabando sem derrotas, para isto não há segredo, é o resultado de muito trabalho desenvolvido por todos: atletas, directores, equipa técnica, massagistas e até pais de alguns jogadores. É óbvio que esse situação não nos estava a passar ao lado e a determinada altura passou a ser um objectivo a alcançar pela a equipa. Quero aqui agradecer ao meu “Adjunto e preparador físico” Prof. Carlos Moreira com o seu profissionalismo, competência, carácter e espírito de sacrifício. De facto, não é fácil morar em Fornos de Algodres, treinar 3 vezes por semana em Viseu, jogar aos Sábados, sem nunca ter faltado. Juntamente com o Filipe formamos uma equipa técnica que encara todos os treinos e jogos com muita seriedade, humildade e respeito pelo adversário.

Olhando para o plantel júnior acha que existem muitos jogadores que podem vingar nos seniores?
Sem qualquer duvida. Há jogadores que podem aparecer já na próxima época e outros que terão que rodar mais um ou dois anos para que possam estar preparados para a equipa sénior. Acredito, e viu-se nesta época, que um dos objectivos da direcção e da equipa técnica dos seniores, passa por apostar em jogadores da formação, que acima de tudo são jogadores que adoram o Clube.
Esperamos que este trabalho conjunto possa ter continuidade e que não se verifiquem erros cometidos no passado em que muitos dos nossos atletas foram dispensados e esquecidos, ficando por outros clubes adversários aqui tão próximos

Como é a sua relação profissional com a equipa técnica sénior?
Sempre foi uma relação normal, falei muitas vezes com o Prof. Idalino sobre os jogadores dos Juniores e sei que esteve atento ao nosso campeonato. O Prof. Idalino o Prof. Raposo assistiram a muitos jogos, o que certamente contribuiu para a convocatória de vários jogadores do plantel Júnior para alguns jogos da equipa sénior. Foram, por exemplo, convocados o Marcel, o Carlitos, o Celso e o Márcio, sendo motivo de grande satisfação e orgulho para todos nós, já que é para isso que trabalhamos todos os dias. Fiquei satisfeito por, no último jogo, o Prof. Raposo ter se dirigido ao balneário e ter dito que a equipa técnica, para a próxima época, contaria com todos os atletas que passariam a seniores, o que os deixou mais tranquilos e confiantes para o futuro.

Sentiu por parte dos dirigentes do Académico, todo o apoio necessário para cumprir os objectivos desportivos?
Nós, treinadores, queremos vitórias e sucesso nos jogos que disputamos, mas sabíamos que este seria um ano difícil, o chamado “ano zero” na formação. Tivemos diariamente o apoio do Sr. Nelson e do Sr. Neves que foram pessoas extraordinárias e, desde já, deixo aqui uma palavra de agradecimento aos dois.

Que podemos esperar da próxima época dos juniores?
Como é de conhecimento público, vão realizar-se eleições no Clube. Depois veremos o que a nova direcção quererá para o futuro. A equipa terá que ser composta com alguns jogadores recrutados a outros clubes para que possa ter um plantel mais equilibrado e possa fazer um campeonato Nacional tranquilo.

Como se sente ao ver jogadores que passaram pela formação serem tão importantes na subida do clube à III Divisão Nacional?
É de facto uma alegria, um orgulho e uma sensação de missão cumprida apercebermo-nos que o nosso trabalho deu frutos. Foi evidente o empenho e o interesse desta Direcção do clube e da equipa técnica dos Seniores na aposta nestes atletas, sabendo à partida que era um ano importante para o clube e que o objectivo a alcançar era a subida de divisão. Não cometeram os erros do passado, apostando em contratações de jogadores caros, mas com qualidade duvidosa, e esquecendo-se destes nossos jovens atletas que têm este Clube no coração e que são 100% profissionais. Foram sem dúvida importantes na subida e nos próximos anos poderão ser símbolos da equipa Sénior. Desde já, um grande e especial abraço ao Álvaro, ao Simões, ao Santiago, ao André e ao Calico.

Vamos lançar-lhe um desafio: elabore um onze de jogadores que “passaram pelas suas mãos”, e pelo CAF, e que agora são seniores.
Esta é sem duvida a pergunta mais difícil e acredito que possa ser injusto com alguns Atletas, em vez de um onze, vou elaborar um plantel:

Guarda Redes. – Batista e André
Defesas Direitos – Fabiano e Zé luís
Defesas Esquerdos – Bruno Gouveia e Fábio Santos
Defesas Centrais – Tiago Gonç. Simões, Santiago e Marcelo
Medios Defensivos – André Baixote, Calico e Miguel Ângelo
Médios – L. Costa, Bruno Madeira, Álvaro, Tiago Pina
Alas Direito – Ito, Márcio e Titá
Alas Esquerdo – Lopes, Carlitos
Pontas de Lança – Jardel (Parma), Caudio, Filipe, Marcel e Celso

Este seria um plantel de sonho e teria, com certeza, grandes dores de cabeça para fazer a equipa!!!

Qual é a sensação de ver os seus filhos entrar em campo com a camisola do Académico vestida?
A sensação é fantástica, o Gonçalo disputa o campeonato de Infantis e o João irá pela 1ª vez, na próxima época, disputar o campeonato de Escolas. São muito diferentes um do outro, futebolisticamente falando: o Gonçalo, no campo, é um jogador mais preocupado em fazer jogar a equipa, mais tecnicista e o João é um jogador mais agressivo e rápido. No entanto, neste momento da vida deles, a minha principal preocupação é fazer todos os possíveis para que eles se sintam bem no futebol, que pratiquem desporto e que se desenvolvam como atletas, independentemente do jeito que tenham ou não. O envolvimento dos meus filhos ajudou-me também a perceber melhor as reacções dos pais dos meus atletas, quando não concordam com as minhas opções.

Sabemos que é um leitor assíduo dos blogs que falam do futebol em Viseu, acha que estes são úteis no desenvolvimento do desporto do distrito?
É um meio de informação desportiva para todos, onde diariamente nos actualizamos e podemos dar a nossa opinião acerca de todas as informações que vocês nos proporcionam sobre o futebol nacional e distrital. Como todos nos sabemos, no nosso distrito, a informação desportiva não é muita, principalmente a escrita, assim, os blogs vieram colmatar essa falha.

Que acha do Blog A Magia do Futebol?
Sou um leitor assíduo da Magia, é um blog que acompanha os acontecimentos futebolísticos mais relevantes e dá preferência ao futebol do Académico de Viseu e do Sporting. Quero aqui dar-vos os parabéns pela qualidade do blog. Em relação ao Académico de Viseu têm tido um acompanhamento estupendo, quanto ao “outro Clube”, meus amigos, na vida nem tudo é perfeito!!! PARABÉNS e um Grande Abraço.

Entrevista a Negrete.

Coube-me o privilégio de conseguir entrevistar para A Magia do Futebol, um dos meus maiores amigos de infância, o Nando como sempre o tratei, mais tarde conhecido por Negrete.
Filho de uma antiga glória do Académico de Viseu, e mais tarde do Viseu Benfica, desde muito cedo começou a conviver com os craques da bola que passaram por Viseu. Desde miúdo começou a encarar o futebol de uma forma muito séria, e muito cedo começou a jogar no Viseu Benfica, passando por todos os escalões jovens deste clube. Rapidamente se evidenciou, pela sua postura e liderança em campo, e por isso não é de admirar que tenha envergado a braçadeira de capitão.
Tínhamos em comum a paixão pelo Sporting, daí nasce a alcunha Negrete ( decorria o mundial de 86 e o Negrete foi uma das grandes revelações desse campeonato do mundo, ao marcar um grande golo através de um pontapé de moínho fantástico. Nesse mesmo ano seria uma das contratações do Sporting, juntamente com Paulo Silas.)
Sempre lhe disse que um dia jogaria no meu Académico, ao que ele me respondeu sempre que não, porque actuava no grande rival Viseu Benfica.
Num dia de Verão do ano passado, e quando via as ultimas do desporto na Internet, tive uma surpresa muito agradável: O Negrete deixava de ser atleta do Seia, e rumava ao Académico. Fiquei eufórico, peguei no telemóvel, e confirmei a noticia.
O Negrete enviou-me uma mensagem onde dizia: “ É verdade, vou ajudar a colocar o clube no lugar onde ele merece estar…”

Nome: Fernando Jose Almeida Jesus
Data de Nascimento: 17-08-1977
Local de Nascimento: Viseu

Quando começou o futebol?
Não tenho a certeza mas acho que foi antes de começar a andar…Federado foi aos 9 anos no Viseu e Benfica.

Qual foi o momento desportivo mais importante da tua carreira futebolística?
A subida à 2ª Divisão pelo Penalva do Castelo.

Qual o jogo que te marcou mais pela positiva?
O jogo que garantiu essa subida na Gafanha.

E pela negativa?
O que provocou a lesão mais grave da minha carreira (ruptura do cruzado anterior).

Qual é o teu ídolo?
Não posso dizer que tenha um ídolo, mas que ao longo da minha vida me tenho rodeado de pessoas que admiro e que me ajudaram a formar como Homem e como jogador nomeadamente o meu pai.

Qual o treinador que te marcou mais?
Correndo o risco de ser chamado de “puxa”, tenho que nomear o meu actual treinador ( prof. Idalino), porque foi quem teve a coragem de “pegar” num miúdo júnior e fazê-lo titular na terceira divisão. Não posso no entanto deixar de falar de treinadores como o prof. Amaro, Mister Teixeira, Mister Paulo Barra que contribuíram muito para o meu desenvolvimento e com os quais aprendi muito.

Como é jogares contra a equipa treinada pelo Mister Eduardito? Tiveste algum sentimento especial quando jogaste contra ele?
Claro que sim, sempre receei esse encontro por achar mais fácil torcer pela sua vitória, mas admito que me soube bem roubar-lhe os três pontos….

Como surgiu o convite para vires para o Académico?
Ao longo da minha carreira tive a sorte de “sair sempre das equipas pelos meus pés”, mas o ano passado e depois de ter recusado algumas propostas assinei pelo Seia, fiz a pré época mas o clube desistiu deixando-me a mim e aos meus colegas numa situação ingrata. Foi então que surgiu a proposta do Académico nem olhei para trás até porque achei o projecto ambicioso.

Achas que no Académico ainda existe a mística de outros tempos?
Acho que o Académico é uma equipa muito especial e que tem tudo para atingir o lugar que merece.

Como foi, nos últimos jogos, o comportamento dos adeptos do Académico no apoio à equipa?
Os adeptos do Académico são muito exigentes, o que se compreende tendo em conta a História e capacidades do clube, por vezes talvez um pouco injustos.

Gostavas de acabar a carreira no Académico?
Sou viseense e esta época foi uma boa experiência. É claro que não me importava de acabar em casa e já agora umas divisões acima.

Que repto gostarias de deixar aos sócios e adeptos?
Vamos levar o Académico ao lugar a que ele pertence.

Tens planos para ser técnico ou dirigente de futebol?
O futebol é uma das minhas paixões e quero tê-lo presente na minha vida, mas por enquanto só penso em jogar mais uns anitos.

Tiveste golos decisivos com o Tarouquense e Paivense. Algum segredo para isso acontecer?
Muita vontade de ganhar…

Calico, Zé Pedro e Marcos. Qual preferes para teu companheiro no centro da defesa?
Têm características diferentes mas são todos bons jogadores e colegas. É indiferente entendo-me bem com qualquer um deles.

Exceptuando os jogadores que estão agora no Académico, elabora um onze de antigos companheiros dos clubes por onde passaste.
É muito difícil escolher, joguei com muitos e bons jogadores.

Vais continuar no Académico?
Ainda não sei, mas é uma hipótese muito válida.

Sendo tu um filho da terra, achas possível que Viseu tenha no futuro um clube forte e que congregue todas as forças da cidade?

Só ponho essa hipótese, temos jogadores, vontade e condições para que isso aconteça e quero dar o meu contributo.

Entrevistas

A MAGIA DO FUTEBOL, assim que terminar o campeonato junior, irá entrevistar o treinador José Pipo e o capitão Tiago Pina – recordo-vos que o Marcelo já havia nos dado esse previlégio -, e lança daqui o desafio aos nossos leitores e visitantes: deixem uma pergunta para eles nos comentários a este post ou então envie-nos um mail para a.magia.do.futebol@gmail.com.

Fábio Santiago

O Santi é daqueles jogadores que qualquer treinador tem prazer em treinar. Foi meu Capitão de equipa, um verdadeiro líder, defende a sua equipa no limite, tem um coração enorme e é muito generoso no treino e no jogo para com todo grupo, colegas e treinadores. Tal como o Calico é sempre o primeiro a equipar-se e o último a sair do treino, neste momento sei bem o que está a passar com esta lesão, mas o mais importante agora é fazer uma boa recuperação e começar forte na próxima época. FORÇA SANTIAGO. Grande abraço do Mister e Amigo.
José Pipo (Treinador dos juniores do Académico de Viseu)
Nome: Fábio André Canelas Santiago
Data de Nascimento: 11/01/1987
Local de nascimento: Viseu
Morada: Repeses, Viseu
Um clube sem ser o Académico de Viseu: Sporting Clube de Portugal
Clube de sonho onde gostavas de actuar: sonho, sonho era actuar na 1ª Liga ao serviço do Académico.

Há quanto tempo estás no Académico?
Sou jogador do Académico há 10 anos, tendo passado por todos os escalões de formação do clube.

Como foi viver por dentro o fim do CAF?
Lembro-me que na altura falava-se nisso há algum tempo, mas nós pensávamos que pelo menos íamos acabar a época, até ao dia em que chegámos ao Fontelo para ir treinar e nos disseram que o clube tinha acabado. Ficámos todos incrédulos, abraçámo-nos, chorámos, foi uma situação muito complicada para todos nesse dia e nos tempos que se seguiram até porque alguns de nós ficaram sem jogar até ao fim da época. Foi difícil pensar que o nosso clube, do qual todos gostávamos tinha acabado, que íamos ficar privados de praticar o desporto que tanto gostávamos durante tanto tempo. No entanto, não posso deixar de enaltecer todas as tentativas de solucionar o problema por parte da direcção do clube, nomeadamente o presidente Jorge Simão e o Sr. Monteiro com quem contactámos mais directamente, assim como o apoio dos treinadores.

CAF e AVFC são para ti a mesma coisa? Porquê?
Sem dúvida que sim. Não senti diferença alguma em jogar no CAF e no AVFC, as pessoas são quase as mesmas, o amor ao clube é o mesmo, o meu orgulho em chegar à equipa sénior foi o mesmo, e a ambição maior, visto que o objectivo é colocar o Académico no lugar que merece.

Sei que foste convidado a jogar noutros clubes. Porque decidiste continuar no Académico?
Quando estamos num clube há tanto tempo como eu estou, quando nos sentimos bem, quando foi nesse clube que me formei como jogador e como homem, quando acreditamos nas pessoas e num projecto, quando somos respeitados e acarinhados, porque mudar? Acho que respondi à pergunta.

Os adeptos do Académico podem sonhar com a subida?
É legitimo que assim seja. Um clube como o Académico luta sempre pelos lugares cimeiros da tabela, e quando para além do nome, existe a qualidade dos jogadores penso que a subida não é nada que esteja fora do nosso alcance.

Como é o ambiente no balneário?
Simplesmente fantástico! Somos uma verdadeira família em que todos puxamos para o mesmo lado, e para isso muito se deve o facto de todos conhecermos a história do clube, e a respeitarmos, sentirmos a camisola e querermos colocar o clube onde merece. Principalmente para quem cumpre o 1º ano no futebol sénior, penso que não poderíamos ter encontrado melhor balneário, e desde já tenho a agradecer a todos os meus companheiros mais experientes todos os conselhos, os “puxões de orelhas” e todo o apoio.

Como é que o balneário do Académico lida com a liderança isolada do campeonato?
Penso que a pergunta deveria ter sido: “como é que o balneário lidou com o facto de em Dezembro estar tão longe do 1º lugar?”, porque foi nessa altura que toda a união da equipa foi visível, e foi ai que nos assumimos verdadeiramente como tal. A pressão do 1º lugar todos querem ter, e agora respondendo à pergunta: se o ambiente no balneário já era bom, melhor ficou. Todos sabemos o quão difícil foi chegar lá a cima, e certamente que agora tudo faremos para lá permanecer até ao fim.

A equipa sente-se demasiado pressionada pelos adeptos?
Não nos sentimos pressionados, agora sentimo-nos bem com todo o apoio que temos recebido, mas outrora já no sentimos tristes. Na minha opinião a mentalidade de alguns adeptos academistas em relação à equipa não é a melhor, pois só agora que estamos no topo é que começamos a ser mais apoiados e seguidos, enquanto que quando mais precisávamos do seu apoio não o tínhamos, bem pelo contrário. Penso que têm que ser os adeptos a puxar pela equipa e não o contrário.

Como caracterizas o Prof. Idalino enquanto treinador?
Acima de tudo é alguém que gosta e vive o futebol, é um treinador muito experiente cujo passado fala por si. Tem sido um privilégio trabalhar com ele, visto que é um treinador que aposta nos jovens e os ajuda a evoluir.

Entendes que o clube tem sido bem gerido ao longo de toda esta época?

Esse tipo de julgamento não tem que ser feito por mim, mas no que diz respeito à equipa sénior é de salientar todo o trabalho desenvolvido para que nada nos falte.

Olhamos para o plantel e vemos vários jogadores formados no clube. Achas que deve ser esse o caminho?

Se não for esse o caminho, qual será? É o caminho mais correcto e mais seguro, e temos o exemplo do Sporting que é um grande do nosso futebol. Temos que apostar na formação, em jogadores que sintam a camisola, que dêem valor ao emblema que trazem ao peito, que não estejam no futebol por estar. O Académico tem todas as condições para lançar grandes jogadores, e a isso muito se deve todo o trabalho levado a cabo por todos os treinadores dos escalões de formação e à sua competência, será um erro enorme se se voltar a desperdiçar todo esse trabalho

Foi difícil a tua adaptação a defesa direito?
De facto, a posição onde me sinto mais à vontade e onde gosto mais de jogar é a central, mas já havia jogado nos juniores a lateral, portanto a adaptação não foi muito difícil, e hoje em dia um jogador tem que ser polivalente, e estar disposto a jogar onde quer que seja, de forma a ajudar a equipa.

Como é que estás gerir psicologicamente esta lesão prolongada?

Quando se confirmou o pior eu nem queria acreditar, demorei algum tempo a mentalizar-me do que me tinha acontecido e do que me espera. Custa muito, principalmente por ser nesta fase crucial da época em que toda a ajuda é pouca, mas também porque vou estar sem fazer o que mais gosto durante bastante tempo. No entanto, são coisas que acontecem e que temos que superar. Neste momento estou preocupado em recuperar bem e com calma para que possa voltar a 100%. Não posso deixar de agradecer, mais uma vez todo o apoio que tenho recebido por parte dos meus colegas de equipa, equipa técnica, amigos, conhecidos, academistas… a todos o meu muito obrigado.

Foste capitão nos juniores. Achaste capaz, de num futuro próximo, capitanear a equipa sénior?

Fui capitão, nos juniores e em todos os escalões, excepto nos escolinhas, claro que um dia também gostava de ser capitão dos seniores, mas não penso nisso, penso em trabalhar todos os dias com a mesma vontade, e também sei que há jogadores no actual plantel com perfil para no futuro serem capitães

Qual o jogador que mais admiras?

Admiro vários, Luís Figo por tudo o que representa para o futebol português e pela sua postura, João Moutinho pela sua humildade e por já ter chegado tão longe, Paolo Maldini, por ser um jogador fantástico e pela sua carreira exemplar e Polga, o melhor central a actuar em Portugal.

Quais os treinadores que mais te marcaram?
Todos os treinadores que tive me ensinaram alguma coisa, penso que temos que aprender com todas as situações com que nos deparamos e tentar evoluir, mesmo quando elas são adversas. Com todos cresci e me formei como jogador e homem, todavia, não posso deixar de destacar alguns nomes: Mister Pina, o meu 1º treinador, a pessoa que me trouxe para o Académico, Mister Raposo, um grande academista, o treinador que está há mais tempo no clube, que já me treinou várias vezes e com quem muito aprendi e evolui, Mister Pipo, um treinador que sempre apostou em mim, desde os Juvenis que treinava com ele nos Juniores, é alguém que sabe como motivar os jogadores e ter uma excelente relação com eles, Mister Rodrigo e Mister Carlos, dois excelentes preparadores físicos, e ainda o Prof. Idalino, o treinador que me lançou nos seniores.

Calico em entrevista

Nome: Carlos Manuel Almeida Almeida
Data de Nascimento: 6-12-1987
Local de nascimento: Viseu
Morada: Mangualde
Um clube sem ser o Académico de Viseu: S.L. Benfica
Clube de sonho onde gostavas de actuar: S.L. Benfica

Porquê o nome Calico?
O nome “Calico” surgiu quando eu era bebé. Uma amiga não conseguia dizer “Carlos” e chamava-me algo semelhante a “Calico”. A partir daí as pessoas começaram tratar-me por esse nome e ficou…

Lembras-te de quando percebeste que querias ser jogador de futebol?
Sempre gostei de jogar futebol e isso vem desde que me “conheço”. Os meus brinquedos preferidos eram bolas. O facto da minha família gostar de futebol também influenciou.

Quem é o Calico quando não joga futebol?
Estudante de Enfermagem na Escola Superior de Saúde de Viseu e que gosta de estar com as pessoas de quem gosta.

Quem é para ti o melhor jogador do Mundo?
Para além de todos os jogadores que pertencem ao Académico de Viseu, é o Cristiano Ronaldo.

Qual o campeonato que mais te fascina?
Inglês, pela dinâmica, rapidez do futebol e pelo fantástico ambiente que os adeptos proporcionam.

Qual é a tua meta como jogador de futebol?
Como qualquer jogador espero chegar o mais longe possível. Independentemente de onde chegar, irei ser sempre feliz a jogar futebol pois tenho imenso prazer quando o faço.

Há quanto tempo estás no Académico?
Aos 8 anos comecei a jogar no Grupo Desportivo de Mangualde e em 2003 por intermédio do Mister Raposo e Mister Tiago vim para o Académico.

Como foi viver por dentro o fim do CAF?
Foi horrível. Apesar de estar apenas à 3 anos no clube, aprendi rapidamente a gostar do Académico e das pessoas que faziam parte do clube. Era um orgulho para mim vestir aquela camisola. Lembro-me que quando jogava no G.D. Mangualde, o jogo mais importante do ano era contra o Académico porque nós sabíamos a força e a dimensão que o clube tinha.
Tanto eu como os meus colegas passámos momentos muito difíceis após a extinção do CAF. Passávamos os dias a chorar, visto não podermos fazer aquilo que tanto gostávamos e no clube que amávamos. O que nos revoltou foi o facto de não termos culpa nenhuma, pois a extinção do clube não foi provocada pelas camadas jovens e ver o esforço que pessoas como o Sr. Monteiro, Mister Pipo, Mister Filipe Pipo, Mister Carlos, Sr. Nelson, Sr. Neves e o Presidente do AVFC, Sr. Jorge Simão fizeram para que as camadas jovens não fossem penalizadas ser em vão, foi frustrante.

CAF e AVFC são para ti a mesma coisa? Porquê?
Na minha opinião sim, pois tive a possibilidade de jogar nos “dois clubes” e sinto a camisola e o emblema da mesma forma. Muitas das pessoas que agora pertencem ao AVFC, pertenciam ao CAF e isso ajuda a manter a mística e o carinho pelo clube.

Qual foi o treinador que te marcou mais, nesta ainda curta carreira?
Penso que todos os treinadores que tive foram extremamente importantes para a minha formação como homem e como jogador. No entanto uns tiveram um “impacto” maior em mim do que outros. Destaco o Mister Raposo e o Mister Tiago, responsáveis pela minha vinda para o Académico e aos quais devo muito; Mister Pipo, Mister Filipe Pipo, Mister Carlos, Mister Rodrigo com os quais aprendi imenso e que me deram a possibilidade de jogar na 1ªDivisão Nacional de Juniores e defrontar grande jogadores que hoje em dia jogam ao mais alto nível; não posso deixar de agradecer ao Mister Jorge Nunes, que após a extinção do CAF me deu a possibilidade de jogar no AVFC e agora ao Mister Idalino, com quem também tenho aprendido muito, neste meu primeiro ano de Sénior e que me deu a oportunidade de pertencer a este grupo fantástico.

Qual foi para já o teu melhor momento da tua carreira?

Quando ainda era juvenil e joguei a fase final do Campeonato Nacional de Juniores, sob o comando do Mister Pipo e Mister Filipe Pipo. Lembro-me do jogo com o Boavista, no Fontelo, em que ganhamos por 2-1 e assumimos a liderança da zona Norte. Espero que a este momento fantástico possa juntar outro, também maravilhoso, que passa por vencermos este ano o campeonato.

E o pior?
Sem dúvida, que foi a extinção do CAF.

Esta época já te vi a jogar (e só assisti a 6 jogos) a trinco, a central, a defesa direito a até a defesa esquerdo. Afinal qual é o teu lugar dentro de campo?
Para mim o mais importante é estar em campo e ajudar o clube a atingir os objectivos. Cabe aos Mister´s escolher qual a posição em que jogo.

Qual a posição em que te sentes melhor?
Trinco e Central.

Como é o ambiente no balneário?
O ambiente é espectacular, somos como uma família. Tenho orgulho em pertencer a este grupo fantástico. O facto de sermos todos amigos faz com que todos “rememos” para o mesmo lado e só assim é possível ultrapassarmos as dificuldades com que por vezes nos deparamos nos jogos, como por exemplo em Lamego em que estivemos a perder por 2-0 e empatamos 2-2.

Olhamos para o plantel e vemos vários jogadores formados no clube. Achas que deve ser esse o caminho a seguir?
Sim, claramente. Nas camadas jovens do clube existem muitos bons jogadores que no futuro poderão ajudar o clube. Um facto importante é que os jogadores formados no clube sentem o peso da camisola, o símbolo do clube com que jogam ao peito e conhecem a mística do clube e isso ajuda imenso.

Os adeptos do Académico podem sonhar com a subida?
Mais que ninguém, nós jogadores temos esse objectivo em mente. Custou imenso chegar ao primeiro lugar e tudo iremos fazer para nos mantermos nessa posição e dar essa alegria aos adeptos. Para tal é indispensável o apoio de todos.

O comentário de A MAGIA DO FUTEBOL
  • Sou fã do Calico. Já aqui o disse por várias vezes: com o fim Do CAF preferia que o Académico de Viseu tivesse começado do zero. No entanto, ao contrário de alguns, que são muito poucos, não virei as costas ao Académico de Viseu Futebol Clube. Para isso, para o facto de apoiar o AVFC, contribuiu e muito o Calico. A maneira como ele defendia o Académico e acreditava neste novo projecto fez com que eu pensasse “se um miúdo como ele, que sofreu como ninguém com o fim do CAF, acredita no futuro porque é que eu não hei-de acreditar?”. Assim, foi sem grande surpresa que o vi chegar aos seniores. A garra com que ele defendia o Académico através das palavras é a mesma que ele emprega em campo. Estou perfeitamente convencido que a distrital é pequena demais para o seu talento. Sim, tem alguns defeitos como jogador mas o tempo e os conselhos certos de pessoas que sabem o que fazem ainda o vão tornar um jogador melhor do que é. Espero um dia vê-lo em melhores palcos, de preferência com a camisola do Académico de Viseu vestida.
    Obrigado Calico!

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